Rosemeire Silva caminha orgulhosa mostrando o
seu quintal produtivo. “Coentro, alface, couve, cebolinha, hortelã, manjericão.
A gente vive disso aqui. Tudo que a gente tem vêm das hortaliças”, conta a
agricultora. O quintal produtivo também tem mamão, laranja, uva, coco, banana e
umbu-cajá.
A terra, onde mora com seu companheiro, Edilson
Rocha, fica na comunidade Nossa Senhora Aparecida, no município de Itaberaba
(BA). “Meu pai trabalhou 25 anos em fazenda e deram esse terreno como pagamento
dos tempos de serviço. Depois ele trabalhou com curtume e hoje trabalhamos
juntos com hortaliças”, explica Rosemeire. “Somos três famílias produzindo: eu
com minha esposa, o pai dela e um primo”, diz Edilson.
Casados há 10 anos, o casal iniciou o plantio
de hortaliças em 2010, um ano após o início da construção da casa. Em 2015, acessaram
o Bolsa Família e em seguida foram contemplados com uma cisterna de consumo. Hoje, acompanham
entusiasmados a construção da cisterna-calçadão, que chega para a família
através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
Rosemeire e Edilson partilham o trabalho com a terra |
Para Edilson, a chegada da segunda água vai
fortalecer a produção. “ Hoje a gente planta com a água da Embasa, que vêm lá
do Rio Paraguaçu, ela vai pro tanque de barro. A conta vem um pouco salgada, só
não vêm mais porque a água é bruta, se fosse tratada ninguém conseguiria pagar.
A mais barata que vêm é 200, 250 e no verão chega até a 300, 400, 500”, conta Edilson, explicando que, mesmo o valor sendo
divido entre as famílias, os custos são elevados para manter a plantação.
“Quando chega o verão a gente tem que correr
para a beira do rio, arrendar terra. São 22 km pra ir e voltar todos os dias para molhar a
horta. Nessa época, a Embasa regula a água aqui. Às vezes ficam só dois palmos
de água e não dá pra regar a horta mais de uma vez. Agora a gente vai ter um
reservatório, vai ser bem melhor”, completa Rosemeire.
A construção da cisterna veio acompanhada por
formações e intercâmbios. “Eu aprendi muitas coisas. Hoje sei sobre a adubação
e sobre os produtos pra poder matar as pragas da horta. Tudo orgânico, sem
veneno”, explica a agricultora.
Além de fortalecer e ampliar a produção, o projeto
vai viabilizar a criação de aves. Um desejo antigo da família. “Aqui tem um
galinho, mas não temos estrutura pra criar galinhas e não dá pra ficar solto
por causa da horta. A gente quer investir pra fazer um poleiro”, conta
Rosemeire, explicando que além de contribuir com a soberania alimentar da
família, o excedente dos ovos e carne poderão ser comercializados.
“Tendo água, dá de tudo na terra”, celebra
Rosemeire. Hoje as hortaliças são comercializadas na feira e em mercados da
cidade e se destacam pela qualidade. Rosemeire e Edilson são um retrato de como,
com persistência e luta, é possível conviver com os desafios do semiárido.